Carlos Marinho
Segurança de Condomínios - Um manual prático para todo síndico
O que é um Condomínio Seguro?

Um dos pilares da gestão de qualquer síndico é a segurança do condôminos, das instalações. E do empreendimento como todo.
Sabemos que o síndico desatento, descuidado pode inclusive responder de forma pessoal. Em caso de omissão no assunto, falaremos disso mais adiante.
(ADEQUAR PARA O SINDICO)
Mas tenha em mente, nós, síndicos, estamos equiparados à figura do garante. Garante? Isso mesmo, devemos zelar pela vida do próximo.
Imagine bem a situação. Você acabou de assumir a Administração do Condomínio. Pode ser onde mora, pode ser sua primeira contratação profissional, pode ser como consultor ou assessor. Mas reflita: você conhece bem o condomínio? E a vizinhança? Tem dúvidas se o local é seguro? Se for o local onde você mora, será que ela conta com o que você julga necessário para morar em paz?
Pois é! Essas são as principais perguntas que você deve fazer a si mesmo quando, ao assumir a administração de um condomínio, for analisar o aspecto da Segurança. Mas não se preocupe, seu lugar é aqui conosco, lendo esse material.
1 Após a implantação do Manual de Segurança, em 2017.
Vem! Na dúvida, já sabe, @falecom_o_sindico.
Preste bem atenção a um detalhe básico! Segurança em condomínios significa segurança em sua casa. Tenha isso em mente!
Este fator, muitas vezes decisivo para você se mudar para um condomínio, depende mais de você do que se imagina, sabia? Sim! A forma como o morador se comporta no condomínio vai balizar a política de segurança. Se ele aceita as regras, se concorda que o entregador não suba, se atualiza seus dados junto à administração, se informa se alguém está hospedado, se comenta com pessoas estranhas sobre seus vizinhos e posses deles ( se anda com jóias, carros importados).
Por mais que às vezes pareçam detalhes, fazem parte de um todo que são decisivos para que você more em segurança com sua família.
Sou Síndico! Por onde começo em questão de segurança?
Vamos fazer um teste bem básico. Coloque no Google a palavra violência e acrescente o nome de seu bairro ou setor. Essa busca simples serve para mostrar que sua região deve ser um dos pontos principais a ser avaliado. Mas o que deve ser verificado?
1- Entorno do condomínio, como é a região onde ele se localiza. Movimentada?
Há um grande desnível socioeconômico próximo? Há comunidades e moradias irregulares? Há escolas próximas? Há parques, equipamentos sociais como praças? São bem cuidadas pelo Poder Público? Em quais turnos elas funcionam? Existem rotas de fuga que possam ser utilizadas facilitando um arrebatamento (quando há um sequestro, por exemplo)? Sobre serem bem cuidados, há uma íntima ligação da criminalidade a locais públicos mal geridos. Normalmente, os que são “abandonados” pelo Poder Público, servem como ponto de encontro para venda de drogas/assemelhados, abandono de veículos roubados, dentre outros.
2- O seu condomínio localiza-se próximo a equipamentos de segurança pública?
Delegacias de polícias, batalhões/grupamentos da PM/GCM – Guarda Civil Municipal. Sua equipe de portaria/vigilância tem os contatos deles?
3- E a iluminação pública? É suficiente?
Sim, locais escuros são mais propícios a furtos e roubos.
Analisada a área externa, vamos para a parte de dentro.
4- Confira o memorial descritivo prometido pela construtora.
A iluminação interna está devidamente instalada? Há pré-instalação para infraestrutura a ser dedicada para câmeras, cabeamento, eletrocalhas? Mas Carlos, pode ser feito depois? Pode sim. Mas atente-se ao aspecto consumerista e da garantia do empreendimento. Se há garantia em curso, nada melhor que exigir da incorporadora a entrega do imóvel conforme previsto no memorial descritivo. Veja que, a depender da instalação e do projeto entregue, serão cabeamentos e fiação que deve ser passada abaixo do piso ou acima do forro, gerando um custo desnecessário se estiver prometida no Memorial Descritivo.
Aproveitando, preste bem atenção a um detalhe. Quando você chega num stand de vendas de uma construtora, você já notou o que mais lhe chama a atenção? O preço? Sim, pode ser. Mas, certamente, um dos últimos pontos a ser analisado por quem compra é a segurança. Não que não seja uma preocupação do comprador. Mas é um produto que, em regra não é ofertado pelas construtoras.
Um piso bonito, uma área de lazer com piscina, sauna, deck e bar molhado agradam bastante e, normalmente, até o elevador ser panorâmico, mas dificilmente você vai ver um conceito de segurança sendo vendido. E é este ponto, normalmente buscado por muitas pessoas na escolha de um imóvel que acabam fazendo a diferença. Daí a importância de buscar exigir o que está prometido em seu Memorial.
5- E o funcionamento dos equipamentos de segurança?
“Ah, Carlos, aí tá fácil.”
Por que? Eu perguntaria. “Ah, mas lá tem câmera na entrada!” Não, isso não é conceito de segurança. Pois é. O motivo pelo qual boa parte das construtoras não oferta este conceito deve-se a dois fatores. O primeiro, o custo e a idealização do projeto, que tende a contrastar o “projeto arquitetônico ofertado”. O segundo, o tipo de condomínio. Empreendimentos mais acessíveis, grande parte consumido pela população, tendem a não contar com este tipo de investimento. Já prédios do tipo “triplo A” trazem este conceito enraizado porque é o diferencial na busca e escolha do empreendimento.
Mas vamos entender o seguinte. Você, síndico, acabou de assumir e foi tentar entender como funciona o aparato de segurança. Câmeras, instalações, cabeamentos, Rack (onde se instalam os DVR, utilizados para gravação e armazenamento de imagens), forma de concepção do projeto, eventual contrato de manutenção.
As câmeras estão atualizadas? Posicionadas corretamente? A concepção (instalação, manutenção) está correta? Os cabeamentos estão em ordem? E o DVR/Rack ? As imagens ficam disponíveis por quanto tempo? Quem tem acesso a elas? Há necessidade de manutenção dos equipamentos? Repito, câmera não significa segurança.
6- E os contratos vigentes?
Por que? A depender do seu condomínio, você pode contar com portaria e vigilância. Neste ponto, não vamos aprofundar, mas é fundamental que vocês entendam o seguinte. Por melhor que sua contratada seja, ela NUNCA vai lhe entregar o que você precisa. Isso só vem com muito treinamento organização interna ( e externa, dela) e definição do perfil do seu condomínio. Sim, cada condomínio é único e tem seu jeito e forma de funcionar.
E a terceirizada não pode simplesmente chegar e trazer o “jeito dela” sem que entenda qual o seu. Daí a necessidade de saber qual é o contrato que você tem vigente para, com esta informação, você poder escolher melhor como vai geri-lo. Avaliar os colaboradores terceirizados e implantar o que você precisa especificamente deles fará realmente o diferencial.
“Ah, mas aí tá ok.” Tá não! E a limpeza? Esses profissionais, pela volatilidade e rotatividade deles sempre precisam de um olhar especializado.
E claro, como falamos em equipamentos acima e indicamos, sim, equipamentos de segurança precisam de manutenção. E você, síndico, precisa saber como resolver esses problemas de indisponibilidade.
7- E por fim, mas não menos importante, quais são os costumes da sua população?
Bem, se chegamos até aqui, você entendeu que segurança não é câmera e CFTV, não é vigilante, não é somente porteiro. É um conjunto de fatores que começa pela região onde seu condomínio está instalado, passando pelo que há disponível de equipamentos, capacidade de endividamento e findando neste, talvez o mais importante, os “usos e costumes” das pessoas.
Isso! A depender das pessoas que lá residam, o conceito de segurança a ser implantado tende a ser diferente do de outro prédio. Sim, cada condomínio guarda sua identidade e, no conceito de segurança, não poderia ser diferente. Logo, estejam atentos a este aspecto.
De nada adianta sua empresa de segurança ser a melhor, seu CFTV ter conexão com o telescópio da NASA, seu colaborador ser treinado por um detetive com habilidades de premonição, se o morador não colaborar, tudo estará jogado no lixo.
E aí vem a parte mais importante. A mudança de paradigma, de cultura habitacional que há em seu condomínio. E, para isso, conte com a ajuda de um especialista em segurança.
8- Especialista em segurança é quem vai me vender os equipamentos?
NÃO! O nome disso é vendedor mesmo. E, se você tiver três, terá 3 propostas diferentes. Neste caso, na busca por um especialista de segurança, ele vai analisar todos estes pontos que debatemos aqui, traçando uma direção que deve ser seguida por você, amigo síndico.
E mais ainda, o manual não é algo estático. Ele é dinâmico que precisa ser atualizado.
9 – E se o morador se incomodar?
Há uma máxima na área de segurança condominial, que aprendi quando estávamos implantando nosso manual. Segurança e comodidade não andam juntos. Sim, isso é um fato. Quanto maior o índice de alteração comportamental que impactar na realidade dos moradores, em tese, maior será seu nível de segurança. Explicando: morador pega “vácuo” na entrada da porta da recepção. É cômodo? Sim, pois é mais rápido. É correto? Não. Por que, afinal ganha tempo como dissemos. Mas não se sabe quem vem atrás e consegue entrar junto com o morador. E aí pode estar o risco.
Posso entrar e sair por qualquer portão? Não. Por que? Tem como saber quem entra e sai pelo portão de carros, por exemplo? Não.
Lembra da busca do google acima? Ela indica bem o risco a que um setor em específico numa cidade está submetido. Pois bem, isso vai balizar a forma como você pode aplicar seu manual de segurança e as mudanças necessárias a serem implementadas.
10- Não desista!
Essa parece ser a parte mais fácil, né? Não, não é. Tenha em mente que essa mudança vai gerar muitas críticas e problemas. As pessoas vão questionar, vão debater, vão querer
questionar. Mas entenda, nem todos sabem e se interessam pelo conceito de segurança. Acabam focando realmente no aspecto pessoal e esquecem que o coletivo é o mais importante. Críticas surgirão, moradores levarão para o lado pessoal, mas entenda, é por bem maior.
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Carlos Marinho
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